quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Das pétalas arrancadas...


                            Das pétalas arrancadas

A menina pequena começou a perceber o jardim de sua casa.

Encantou-se com uma flor de cor vermelha – bougainville.

Ainda no colo, pediu ao pai para chegar mais perto.

Desejava ver com as mãos e sentir seu perfume.

Ao puxar um pequeno galho colorido, a maioria das pétalas se desprendeu acidentalmente.

Estavam agora na palma da mão pequenina.

Havia deixado o ramo da planta escarlate quase sem vestes.

A criança se assustou.

O galho retornou velozmente para trás.

Olhou para o pai como que dizendo: Não pretendia machucá-la...

Logo após fez um gesto inusitado.

Esticou o bracinho, segurando na mão as pétalas soltas que ainda guardava e buscou novamente as flores que haviam permanecido no galho.

Ela queria devolver o que havia retirado da flor, agora semi desnuda.

O pai ficou sem ação.

Seu primeiro impulso foi dizer que não era possível, no entanto, aceitou o desejo da filha e deixou que ela ajeitasse delicadamente as partes arrancadas junto às que ainda se mantinham no arbusto.

Enfim, a menina deu a situação por resolvida.

O pai, porém, não.

Ficou com as pétalas arrancadas no pensamento.

* * *

É possível devolver uma pétala para uma flor?

Os botânicos certamente dirão e provarão que não.

Uma vez retiradas, não voltam mais.

Não há como colar, costurar ou provocar qualquer espécie de regeneração.

Assim como o tempo; assim como as palavras que proferimos; assim com os atos.

Não há como desfazer o que foi feito, o que foi dito, o que passou.

Ferimos alguém profundamente e pedimos desculpas.

Será que somos nós tentando devolver pétalas arrancadas?

Assim, voltemos à questão original: é possível devolver uma pétala para uma flor?

Tudo nos leva a aceitar o não como a resposta mais razoável, ou a única plausível.

Resposta triste.

Porém, se a ingenuidade e pureza infantis acreditaram ser possível, quem sabe possamos acreditar tornar possível, mas de uma forma diferente.

E se decidíssemos cuidar daquela árvore de uma maneira especial, olhando-a todos os dias, assim como o Pequeno Príncipe um dia cuidou de sua rosa?

Estarmos atentos ao que ela precise e não deixar que lhe falte coisa alguma.

Vamos nos ocupar do solo, mantendo-o fértil.

Conversarmos sempre, dizer o quanto está bela, acompanhar seu crescimento e lá estarmos, emocionados, quando finalmente, novas pétalas nascerem no lugar das faltantes.

Quem sabe será nossa forma de devolver...

E se não pudermos restituir exatamente aquela flor por alguma razão, poderíamos cumprir nossa missão da mesma forma, com outras.

Entendendo que nossa dívida é com a natureza como um todo.

* * *

O homem sofre sempre a consequência de suas faltas.

Não há uma só infração à Lei de Deus que fique sem a correspondente punição.

Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança.

Mas, não basta o simples pesar do mal causado.

É necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito.

A sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem.


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Autoestima por Ana Luisa Testa


Ao meu ver, a autoestima é uma das jóias mais preciosas que alguém pode ter. 

Estimar-se, valorizar-ser, amar aquilo que é. 

Essa experiência é absolutamente íntima, e depende de como me vejo e do que sinto por mim.

Atualmente vejo este termo muito relacionado à aparência física, como se autoestima significasse uma auto avaliação estética. 

Longe de ser só isso!!! 

Não raro aqueles que se preocupam excessivamente com este aspecto o fazem para compensar uma sensação de menos valia através da aprovação externa. 

Uma baixa autoestima pode ser camuflada por uma autoestima inflada, na qual a pessoa precisa afirma-se o tempo todo publicamente. 

E então procuramos preencher esse sentimento de valor pessoal buscando elementos que são valorizados coletivamente: dinheiro, status, beleza, potência de ação, juventude, poder, e assim por diante. 

E por mais que se pregue que a autoestima deva partir de dentro, ela certamente pode ser afetada pela visão que o outro tem de nós. 

Por isso ir atrás desses valores coletivos pode funcionar, o problema de afirmar-se com essas bases é que são valores fugidios. 

Quanto tempo dura a beleza? 

O poder? 

Não raro esses indivíduos entrarão em crise quando esses elementos não estiverem mais presentes – numa doença, na velhice, numa crise financeira, etc…

A boa autoestima é composta por autoaceitação, inclusive das limitações que se tem. 

É vivenciar o direito de existência, é adotar uma postura responsável perante a própria vida – sendo autor dessa obra de arte, e não vítima. 

É ter cuidado consigo, fisicamente, psiquicamente, e espiritualmente. 

É viver livre de culpa por ser quem se é, pois nada pior do que uma auto exigência severa para aniquilar o amor próprio. 

É levar-se a sério e respeitar suas posições, pensamentos, sentimentos e desejos. 

É ser fiel a si próprio, sendo honesto, autêntico e assumindo posições (sem que isso signifique que tenha que agredir o outro). 

É ter autoconfiança, de forma contextualizada. 

E por fim, por mais que possa parecer contraditório, é não levar-se tão a sério assim. 

Autorize-se a errar, a fazer papel de bobo, a não estar pronto e nem a ser perfeito.

Psicologicamente podemos dizer que a autoestima inflada está enraizada nos valores quem compõem a persona, por isso se atrela tanto a papéis e a valores coletivos. 

E a boa autoestima se pauta num “eu” mais profundo, quem tem direito de existir, de ser amado e de cumprir o seu destino.

Ainda esse mês pretendo escrever um post sobre como podemos ajudar nossos filhos, parceiros e amigos a construírem uma boa auto estima. 

Acho que precisamos rever a forma como isso tem sido feito, pois a questão não tem somente impactos individuais, mas também sociais.

Autora: Ana Luisa Testa

A professora que fez a diferença



Minha homenagem a todos Professores Herois deste nosso Brasil!!!

Ronaldo Perrotta

domingo, 13 de outubro de 2019

O complexo de Jocasta


Jocasta foi a mãe de Édipo (ler último post sobre o Complexo de Édipo), posteriormente sua esposa e mãe de suas 4 filhas.

O termo Complexo de Jocasta foi proposto por Raymond de Saussure quase 100 anos atrás. 


Ele designa a ligação afetiva deturpada que algumas mães sentem por seus filhos. 

Uma forma de amor que pode variar desde a superproteção com características simbióticas até fixações sexuais em relação ao filho.

É mais comum encontrarmos a variação do complexo de Jocasta naquela mãe que parece que não quer que seu filho cresça – pois significa que ele se afastaria dela. 

Que seja sempre “SEU bebê”.

Tudo bem, entendo que quase sempre ao mesmo tempo em que os pais ficam contentes por verem o desenvolvimento de seus filhos eles podem sentir aquela tristezinha de vê-los ficando independentes… isso não é sinônimo de complexo de Jocasta. 

O problema ocorre quando os pais não enxergam (negação) que os filhos devem ter outros papéis na vida para que sejam felizes.

É aquela mãe que não aceita nenhuma das namoradas que o filho escolhe… 

Como se o filho ainda fosse dependente e não soubesse fazer escolhas. 

Ela é quem sabe.

É aquela mãe super protetora que vê o filho já grande cometendo atrocidades e ela ainda assim o protege… como se ele fosse incapaz de ser responsabilizado.

É a mãe que o superprotege fazendo tudo por esse filho – desde sua comidinha favorita até se matando para agradá-lo em suas necessidades mais caras e extravagantes. 

Como se ele próprio não pudesse trabalhar ou fazer sacrifícios para realizá-la. 

E o que vem fácil geralmente não tem valor.

A consequência desse tipo de comportamento é um adulto infantilizado e narcisista que não consegue assumir compromissos na vida. 

Espera ser servido. 

Não tem limites e pode manipular os outros em seu próprio benefício por considerar-se muito especial. 

Sim, pois ele sempre esteve neste lugar, neste pedestal. 

E a vida real – e os relacionamentos com as mulheres reais – fica muito difícil de ser levado já que o lugar junto a mãe é muito mais sedutor.

Vou dar um exemplo que pode facilitar o entendimento do que é o complexo de Jocasta:

Conheço uma senhora que tem 4 filhos adultos (entre 30 e 40 anos) e nenhum deles se casou. 

Ninguém prestava para estar com seus filhos. 

E essa sogra se envolvia tanto nos relacionamentos de seus filhos que as pretendentes não aguentavam e iam embora. 

Era uma eterna briga entre nora e sogra. 

Dois desses filhos ainda moram com a mãe.

Essa senhora tem um neto de 8 anos – fruto de um relacionamento falido de um de seus filhos . 

Esse neto gosta muito da avó que sempre o enche de presentes, guloseimas e chupeta(!). 

Presentes caros, guloseimas calóricas e chupeta de bebê. 

Ele é criado pela mãe e sempre quer ir na casa da avó. 

Na casa da mãe as guloseimas são reguladas, a chupeta já foi tirada – com muito sacrifício – e tem brinquedos sim. 

As vezes ganha um mais simples no dia a dia, mas presentes caros são reservados para o natal, aniversário e dia das crianças. 

Como deveria ser.

Essa mãe tem dificuldade para lidar com a sogra pois o nível de sedução por parte da última é muito grande. 

E é problemático na medida em que as consequências desse comportamento sedutor não estão sendo avaliadas por essa avó. 

Ela não colabora para que esse neto se desenvolva para a vida real. 

E aí ficará muito difícil sobreviver e relacionar-se com pessoas reais. 

Sua preocupação é que ele seja seu. 

É um amor onde o outro é visto como uma propriedade.

Agora imaginemos uma situação aonde uma mulher consiga se casar com um homem que seja filho de uma Jocasta dos tempos modernos. 

Esse homem estará ligado primeiramente à mãe. 

Sua esposa não tendo o marido consigo possivelmente fará essa ligação com os filhos, repetindo a história.

Uma mulher que não tem o marido para si ainda pode ter vida própria e não ver nos filhos toda a responsabilidade por sua realização.

Quando os pais são felizes e exercem outros papéis (profissional, social, sexual, etc.) os filhos ganham esses mesmos direitos e a educação não será sinônimo de dívida e sedução e sim de amor, preparação para a vida e apoio.

É a velha e sábia história que diz que os filhos devem ser criados para o mundo…

Autora:      (clique no nome e entre no Site)

XENIA BIER - Deus.wmv



Xenia Bier, você está fazendo muita falta, por onde anda essa MULHER inteligente e VALENTE???

DINHEIRO!!!!