Fofoca
Tudo começou num galinheiro.
Isso mesmo.
Em um galinheiro.
O sol estava se pondo.
As galinhas pularam para o poleiro.
Havia uma, de penas brancas e curtas.
Muito respeitável em todos os sentidos.
Assim que voou para cima do poleiro, começou a se catar com o bico.
Uma peninha caiu ao chão.
Uma peninha caiu ao chão.
Lá se vai uma pena - ela disse.
Parece que quanto mais eu me cato, mais bonita eu fico.
Falou por brincadeira.
Falou por brincadeira.
Era a mais brincalhona entre todas.
E foi dormir.
Ao lado havia uma galinha que ouviu o que ela disse.
Ao lado havia uma galinha que ouviu o que ela disse.
Quer dizer ouviu e não ouviu...
Não se conteve e cochichou para a outra galinha: Não vou dizer o nome mas tem uma galinha aqui que quer tirar as próprias penas só para ficar mais bonita.
Não se conteve e cochichou para a outra galinha: Não vou dizer o nome mas tem uma galinha aqui que quer tirar as próprias penas só para ficar mais bonita.
Se eu fosse um galo eu a desprezaria.
Ora, em cima do galinheiro havia uma família de corujas.
Ora, em cima do galinheiro havia uma família de corujas.
Todas ouviram as palavras da vizinha da galinha branca.
Reviraram os olhos.
Mamãe coruja bateu as asas e foi tapar os ouvidos dos filhotes.
Vocês ouviram o que eu ouvi?
Vocês ouviram o que eu ouvi?
Uma das galinhas esqueceu completamente o que é boa conduta.
Tirou todas as suas penas e deixou que o galo a visse.
Preciso contar o caso para minha vizinha.
Enquanto as corujas conversavam e riam, as pombas ouviram.
Enquanto as corujas conversavam e riam, as pombas ouviram.
E saíram comentando que havia uma galinha que tirava todas as penas só para se mostrar para o galo.
A conversa foi passando adiante.
Logo, no pombal, se falava que duas galinhas haviam arrancado as penas para chamar a atenção do galo.
Haviam apanhado um resfriado e morrido de febre.
Quando a conversa chegou aos ouvidos do galo, já eram três as galinhas mortas.
Quando a conversa chegou aos ouvidos do galo, já eram três as galinhas mortas.
Era uma história tão terrível que ele não podia guardar para si.
Encarregou os morcegos de levá-la adiante.
De galinheiro em galinheiro a história foi sendo contada.
Encarregou os morcegos de levá-la adiante.
De galinheiro em galinheiro a história foi sendo contada.
A verdade verdadeira - diziam - era que cinco galinhas tiraram todas as penas para mostrar qual delas tinha emagrecido mais de paixão pelo galo.
Haviam se bicado umas às outras até a morte.
Uma desgraça para suas famílias!
Grande prejuízo para o dono do galinheiro.
Então, a galinha branca, que tinha perdido uma única peninha, não reconheceu sua própria história.
Então, a galinha branca, que tinha perdido uma única peninha, não reconheceu sua própria história.
Por ser muito respeitável, tomou uma atitude.
Fez de tudo para que os jornais publicassem a história e corresse a notícia pelo país inteiro.
Ela desprezava aquelas aves que mereciam ser punidas com o escândalo.
A verdade verdadeira é que a história foi impressa nos jornais.
A verdade verdadeira é que a história foi impressa nos jornais.
Assim uma única peninha se transformou em cinco galinhas.
A história lhe lembra alguma coisa?
A história lhe lembra alguma coisa?
Algum fato semelhante?
A fábula bem pode nos servir de carapuça.
Quantas vezes ouvimos pela metade as verdades e as traduzimos como queremos que sejam?
Com que facilidade destruímos a reputação de pessoas honestas, dignas!
A fábula bem pode nos servir de carapuça.
Quantas vezes ouvimos pela metade as verdades e as traduzimos como queremos que sejam?
Com que facilidade destruímos a reputação de pessoas honestas, dignas!
Normalmente, nem perguntamos se é verdade.
O importante é que a notícia não pare em nós.
O importante é que a notícia não pare em nós.
Que ela circule.
Ah, e nos encarregamos de acrescentar uma pitadinha da nossa imaginação.
A palavra nos foi dada para o crescimento, não para a destruição.
A palavra nos foi dada para o crescimento, não para a destruição.
Passemos a utilizá-la para o bem.
Se o que ouvimos, não serve para a melhoria dos outros, a instrução de alguém, para que passar adiante?
É preciso selecionar as nossas conversas.
É preciso selecionar as nossas conversas.
Já por esse motivo é que Deus nos dotou com dois ouvidos.
Para ouvir bem.
Para ouvir bem.
E uma boca somente.
* * *
Ouça com lógica!
* * *
Ouça com lógica!
Procure silenciar onde você não possa prestar auxílio.
A vida dos outros, como afirma a própria expressão, é realmente dos outros e não nossa.
O tempo que se emprega na crítica e na maledicência pode ser usado em construção.
O tempo que se emprega na crítica e na maledicência pode ser usado em construção.
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PS: Porque será que o mundo está tão conturbado hoje, nosso Brasil está a beira da loucura com tantas informações mentirosas e levianas, principalmente por conta das Redes Sociais e a Internet!!!
Ronaldo Perrotta