sexta-feira, 15 de abril de 2022

O dono da bola...


O DONO DA BOLA


O nosso time estava cheio de amigos.

O que nós não tínhamos era a bola de futebol.

Só bola de meia, mas não é a mesma coisa.

Bom mesmo é bola de couro, como a do Caloca.

Mas, toda vez que nós íamos jogar com Caloca, acontecia a mesma coisa. 

E era só o juiz marcar qualquer falta do Caloca que ele gritava logo:

– Assim eu não jogo mais! 

Dá aqui a minha bola!

– Ah, Caloca, não vá embora, tenha espírito esportivo, jogo é jogo...

– Espírito esportivo, nada! 

– berrava Caloca. 

– E não me chame de Caloca, meu nome é Carlos Alberto!

E assim, Carlos Alberto acabava com tudo que era jogo.

A coisa começou a complicar mesmo, quando resolvemos entrar no campeonato do nosso bairro. 

Nós precisávamos treinar com bola de verdade para não 
estranhar na hora do jogo.

Mas os treinos nunca chegavam ao fim. 

Carlos Alberto estava sempre procurando encrenca:
 
– Se o Beto jogar de centroavante, eu não jogo!

– Se eu não for o capitão do time, vou embora!

– Se o treino for muito cedo, eu não trago a bola!

E quando não se fazia o que ele queria, já sabe, levava a bola embora e adeus, treino.

Catapimba, que era o secretário do clube, resolveu fazer uma reunião:
 
– Esta reunião é para resolver o caso do Carlos Alberto. 

Cada vez que ele se zanga, carrega a bola e acaba com o treino.

Carlos Alberto pulou, vermelhinho de raiva:
 
– A bola é minha, eu carrego quantas vezes eu quiser!
  
– Pois é isso mesmo! 

– disse o Beto, zangado. 

– É por isso que nós não vamos ganhar campeonato nenhum!

– Pois, azar de vocês, eu não jogo mais nessa droga de time, que nem bola tem.

E Caloca saiu pisando duro, com a bola debaixo do braço.
 
Aí, Carlos Alberto resolveu jogar bola sozinho. 

Nós passávamos pela casa dele e víamos. 

Ele batia bola com a parede. 

Acho que a parede era o único amigo que ele tinha. 

Mas eu acho que jogar com a parede não deve ser muito divertido.

Porque, depois de três dias, o Carlos Alberto não aguentou mais. 

Apareceu lá no campinho.
  
– Se vocês me deixarem jogar, eu empresto a minha bola.
  
Carlos Alberto estava outro. 

Jogava direitinho e não criava caso com ninguém.
  
E, quando nós ganhamos o jogo final do campeonato, todo mundo se abraçou gritando:
  
– Viva o Estrela d’Alva Futebol Clube!
        – Viva!      
        – Viva o Catapimba!
        – Viva!
        – Viva o Carlos Alberto!
        – Viva!
   
Então o Carlos Alberto gritou:
    
– Ei, pessoal, não me chamem de Carlos Alberto! 

Podem me chamar de Caloca!
                                                                               
Ruth Rocha

PS: Qualquer semelhança com PUTIN é mera coincidência!!!!

 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Haja Terapia | Simone (Visualizer)


Filmagem e edição: Gabriela Perez @gabrielaperezfoto 

Haja Terapia (Juliano Holanda) 

Há algo de calmo e de raso nesse leito profundo 

Tem dias que o sal atravessa as paredes do mundo 

A água em desnível acentua o relevo das horas 

E um traço contínuo vai misturando o gosto das auroras Roa e rebento 

Às vezes a vida é uma estrada sem acostamento 

Tem dias que o sol estilhaça as vidraças da sala 

Eu tenho tentado escutar as palavras que você não fala 

O cabide de roupas do quarto parece um espantalho 

É só mais um ato falho 

O demônio lunático pousa sobre a catedral em chamas 

Aprendi a reconhecer a serpente pelo dourado das escamas 

Metade das coisas que ele diz não faz o menor sentido 

E a outra metade, eu preferia mesmo era nem ter ouvido 

Já era pra ter saído Mas há algo de flor e de asfalto nesses tempos encardidos 

A peça já está no seu terceiro ato e os atores estão bem perdidos 

Não sei em que altura da estrada a gente perdeu a poesia 

Encontrei a metáfora mais clara que hoje me caberia 

Pra evitar a asia Me vesti com as paredes de casa, enquanto o lobo soprava lá fora 
Tem dias que o tempo desgarra, e tem tempos que o dia demora 

Abri a janela sabendo que o vento não me derrubaria 

Eu tenho tentado fugir das notícias do dia Haja terapia 

Mas há algo de flor e de asfalto nesses tempos encardidos 

A peça já está no seu terceiro ato e os atores estão bem perdidos 

Não sei em que altura da estrada a gente perdeu a poesia 

Encontrei a metáfora mais clara que hoje me caberia 

Pra evitar a asia Me vesti com as paredes de casa, enquanto o lobo soprava lá fora 
Tem dias que o tempo desgarra, e tem tempos que o dia demora 

Abri a janela sabendo que o vento não me derrubaria 

Eu tenho tentado fugir das notícias do dia Haja terapia

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A lista - Oswaldo Montenegro || Marina Aquino



A lista
Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia

Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar

Quantos amores jurados pra sempre

Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece

Na foto passada ou no espelho de agora

Hoje é do jeito que achou que seria

Quantos amigos você jogou fora

Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber

Quantas mentiras você condenava

Quantas você teve que cometer

Quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em você

Quantas canções que você não cantava, hoje assobia pra sobreviver

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia

Quantos você já não encontra mais

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Acusticamente com Liah - Velha Infância (Cover)


Grandes talentos que não aparecem na Midia, hoje só temos pseudo cantores, é preciso legendar para entender o que cantam, pobre Cultura Brasileira!

Ronaldo Perrotta

DINHEIRO!!!!