O sentido da minha vida
Era uma vez um homem de negócios engravatado que tinha uma reunião importante do outro lado da cidade. Estamos em Veneza. Decide então procurar um taxi-gôndola. Para seu espanto, ao chegar ao cais, não encontra nenhum. Fica extremamente preocupado e em tensão por correr o risco de chegar atrasado à reunião com o cliente. Procura, olha, tenta encontrar uma gôndola, até que se dá conta de que no mesmo cais, cinquenta metros mais longe, está um homem recostado à tomar Sol, com uma gôndola perto dele. Dirige-se então num passo enérgico para o "gondoleiro" e pergunta-lhe se ele é taxi. O outro responde afirmativamente. E lá se põem os dois a caminho. Durante a travessia, o nosso homem de negócios decide conversar e aproveitar para dar uma lição de atitude comercial ao gondoleiro e diz-lhe_- Se o Sr. se pusesse cinquenta metros mais à frente arranjaria clientes mais facilmente. E o gondoleiro pergunta:- Para quê?- Porque assim vendia melhor os seus serviços.- E para quê? Continuava a perguntar o gondoleiro.- Se vendesse melhor os seus serviços, depois o negócio poderia crescer e até poderia comprar outra gôndola.- E para quê?- Com duas gôndolas, às duas poderiam se transformar em três, você até podiria ter empregados que as conduzissem por si.- E para quê?- Porque enquanto elas estivessem sendo conduzidas, você poderia estar a tomar Sol.- Mas para quê tanta coisa se tomar Sol era exatamente o que eu estava fazendo há dez minutos?
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(...) Falei-lhe daqueles que trabalham uma vida inteira seis dias por semana à procura do que têm dentro deles e que morrem sem o descobrir. Falei-lhe daqueles que ganham muito muito dinheiro mas que não têm tempo para o gastar em paz e sossego com harmonia e na beleza do contato com a natureza. Falei-lhe daqueles que procuram por toda a vida, o equilíbrio entre trabalho e vida e que, quando o descobrem, já estão quase para morrer. Falei-lhe daqueles que passam toda uma vida a fugir deles próprios sem se darem conta disso, afogados em trabalho e stress. Falei-lhe daqueles que não têm coragem de largar as trezentas gôndolas que criaram embora esse desejo de as largar fosse o sonho mais querido deles. (...)
Autor: Luis Martins Simões