sábado, 9 de julho de 2016

No olho do furacão



                                   No olho do furacão

As dificuldades e os problemas são circunstâncias naturais na vida de qualquer pessoa.

Mais dia, menos dia, as dores nos alcançam e nos tocam, alterando nossa rotina, tirando nosso sono.

De repente, tudo que parecia estável e tranquilo se transforma.

Como se o sol ficasse encoberto por escuras e densas nuvens.

Como se as flores perdessem a cor e o perfume.

De uma hora para outra, o chão parece nos fugir, e a nossa realidade assume uma dimensão jamais imaginada.

De repente, o furacão chega, arrastando consigo nosso sossego e revirando sem piedade nossas existências.

Ora é o emprego perdido, dificultando a manutenção digna da família, diante dos compromissos financeiros assumidos.

Ora são amores que partem, inviabilizando projetos de felicidade e de ventura.

Ou filhos que se afastam do caminho do bem, em busca de prazeres fugidios que, mais adiante, lhes trarão inevitáveis sofrimentos.

Ora são mentiras que nos ferem.

Ora são verdades usadas como armas com o objetivo exclusivo de magoar.

A dificuldade nos chega como uma onda violenta.

Sem alarde ela se aproxima e, subitamente, arrasta-nos sem clemência, destruindo nossos frágeis castelos de areia.

Nesses momentos, as lágrimas turvam nossa visão e a voz do desespero invade nosso pensamento.

Torna-se, então, difícil pensar com clareza e avaliar a situação de modo sereno.

A tendência natural, infelizmente, é afundar nesse charco de tristeza, afogando-nos em mágoas, fechando os olhos para as luzes do dia.

Cremos que nosso sofrimento é o maior do mundo e que ninguém jamais foi tão desafortunado quanto nós.

Fechamos os olhos e só conseguimos visualizar a nossa dor.

Estamos no olho do furacão, vivendo nossa dificuldade em plenitude, incapazes de perceber algo, um pouco mais adiante.

* * *

Quando estivermos numa situação dessas, paremos um pouco e reflitamos.

Não olhemos apenas as pedras do chão que nos ferem os pés, durante a caminhada.

Ergamos o olhar em busca do horizonte e da alvorada que sucede toda noite escura e sem luar.

Percebamos a presença de amigos e de amores que estendem as mãos na tentativa sincera de auxiliar.

Encaremos nossa dificuldade com os olhos da imparcialidade, a fim de dimensionar o problema, sem exageros descabidos.

Procuremos enxergar com mais clareza e avaliar melhor os estragos e as soluções possíveis.

Os contratempos que nos atingem, os problemas que nos afetam, são sempre situações passageiras e que podem ser superadas.

Em tudo que nos acontece, dores e venturas, sucessos e fracassos, há sempre a presença e a Providência Divina.

Não desistir, não sucumbir, é a parte que nos cabe.

Acreditar e superar, eis a nossa missão diária.

Se voltarmos um pouco nossos olhos para a estrada do passado, veremos quantas correntezas violentas e desfiladeiros assustadores já ultrapassamos.

Obstáculos que antes nos pareciam insuperáveis, agora, à distância, ganham contornos diferentes e não nos assustam mais.

Tudo, logo mais, terá passado, até mesmo a tempestade que ora assola, ou o fogo que agora arde e consome.

Cada um de nós, Espírito imortal, sobreviverá sempre, a tudo, amparado eternamente pelo amor do Pai.


www.momento.com.br

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A ÁGUIA e a CORUJA...



                            Problemas desnecessários

Certo dia, uma águia olhou para baixo, do alto do seu ninho, e viu uma coruja.

“Que estranho animal!” - Pensou consigo mesma. 

“Certamente não se trata de um pássaro.”

Movida pela curiosidade, abriu suas grandes asas e pôs-se a descer voando em círculos.

Ao aproximar-se da coruja, perguntou:

“Quem é você? 

Como é seu nome?”

“Sou a coruja.” - Respondeu o pobre pássaro, em voz trêmula, tentando se esconder atrás de um galho.

“Como você é ridícula!” - Riu a águia, sempre voando em torno da árvore.

“Só tem olhos e penas! 

Vamos ver”, acrescentou, pousando num galho, “vamos ver de perto como você é. 

Deixe-me ouvir sua voz. 

Se for tão bonita quanto sua cara vou ter que tapar os ouvidos.”

Enquanto isso, a águia tentava, por meio das asas, abrir caminho por entre os galhos para apanhar a coruja.

Porém, um fazendeiro havia colocado, entre os galhos da árvore, diversos ramos cobertos de visgo, e também espalhara visgo nos galhos maiores.

Subitamente, a águia se viu com as asas presas à árvore e, quanto mais lutava para se desvencilhar, mais grudadas ficavam suas penas.

A coruja lhe disse:
“Águia, daqui a pouco o fazendeiro vai chegar, apanhar você e trancá-la numa grande gaiola. 

Ou talvez a mate para vingar-se pelos cordeiros que comeu.

Você, que passou toda a sua vida no céu, livre de qualquer perigo, tinha alguma necessidade de vir até aqui para caçoar de mim?”

* * *

A fábula nos remete a reflexões em torno de nossa própria forma de ser.

É de nos indagarmos quantas vezes, simplesmente pelo prazer de nos imiscuirmos em questões que não nos dizem respeito, criamos problemas para nós mesmos.

Vejamos, por exemplo, a fofoca. 

Quando recebemos uma informação e passamos a repeti-la, de boca a ouvido, ou pelas redes sociais, sem nos indagarmos da sua veracidade, podemos criar dificuldades para nós.

A mais simples é de vermos nosso nome mencionado aqui e acolá, com desprezo ou com reservas, pela forma da nossa divulgação.

Afinal, diz-se, que quem de outro fala mal a um amigo, poderá, em breve, igualmente, desse amigo comentar com terceiros.

Consequência mais grave é nos envolvermos em processo que invoque indenização por dano moral daquele de quem passamos adiante acontecimentos, inverídicos ou não.

Ou podemos ser chamados à barra dos tribunais para prestarmos testemunho exatamente do que divulgamos, sem termos sido a fonte original.

Outro exemplo é nos inserirmos em discussões de terceiros, a respeito de assuntos polêmicos e delicados.

Nossos apartes poderão ser tidos como intromissão indevida e poderemos ouvir apontamentos desagradáveis.

Dessa forma, a fim de evitarmos nos emaranharmos, como a águia, ficando prisioneiros das nossas palavras e atitudes, pensemos bem antes de falar e de agir.

Não nos permitamos divulgar apontamentos desairosos sobre quem quer que seja.

O mal não merece divulgação em tempo algum, salvo se for para salvaguardar o bem-estar de pessoas ou instituições.

Meditemos a respeito.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A águia,
do livro Fábulas e lendas, de Leonardo da Vinci,
ed. Salamandra.

A fofoca é um ato covarde e nojento!!!!

Ronaldo Perrotta

terça-feira, 28 de junho de 2016

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Um Brasil desejado


                                       Um Brasil desejado

O jovem apenas chegara na cidade e adentrara o Instituto, onde se matriculara para o curso de especialização.


A oportunidade de se aperfeiçoar, na sua área, no Exterior, o animava.

Na primeira aula, se apresentaria o inédito. 

O mestre, falando a respeito da cidade onde se encontravam, discorreu sobre problemas e soluções.

De forma sui generis falou, inicialmente, sobre questões econômicas, de algum tempo, que vinham mantendo aquela região em grandes dificuldades.

A cidade era um marasmo, não apresentando crescimento de qualquer espécie e um alto índice de desemprego, comentava.

E esclareceu: Graças, no entanto, aos bons políticos de nossa região, graças a esses homens públicos de visão, tudo se resolveu.

Ante o espanto do jovem, continuou o professor: Pensando na comunidade, idealizaram a construção de uma ponte, para uma comunicação mais rápida entre esta cidade e o país vizinho, para além do rio.

Uma ponte que permitisse o trânsito rodoviário e ferroviário. 

Dessa forma, entendendo-se as nações, num esforço conjunto, propiciaram que uma travessia, anteriormente feita por balsas, demandando cerca de duas horas e meia, tivesse o trajeto reduzido para trinta minutos.

Sem prejuízo ao país irmão, muitos dos nossos cidadãos passaram a buscar empregos do outro lado.

A economia de ambos os países melhorou, aumentando, inclusive, o turismo, atraído pelo ineditismo da ponte que tem uma parte submersa.

* * *

Bons políticos. 

Num país, onde as palavras propina, corrupção, desinteresse público se tornaram corriqueiras, natural que um discurso de tal ordem surpreenda.

Mas, também nos diz que há esperança no aparente caos porque se bons homens públicos os há em outra nação, também os deveremos ter por aqui.

Recordamos a exortação do Espírito André Luiz: Por nenhum pretexto, devemos condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrativas de interesse público.

Ao contrário, cabe-nos orar em favor deles, a fim de que se desincumbam satisfatoriamente dos compromissos assumidos.

Para que o bem se faça, é preciso que o auxílio da prece se contraponha ao látego da crítica.

Mais ainda, somos convidados a cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais, empenhando-nos desinteressadamente na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos. 

Um ato simples de ajuda pessoal fala mais alto que toda crítica.

Pensando nisso tudo, olhando para nosso pobre país, tomado de assalto por tantos problemas de ordem moral, cabe-nos, sim, orar ao bom Deus para que estenda o Seu olhar sobre todos nós.

Que homens de bem assumam o poder público. 

Homens que pensem no outro antes que em si mesmos, que se importem com o semelhante, que cuidem da coisa pública com zelo.

Que os que se encontram no poder, tenham olhos de ver e ouvidos de ouvir as necessidades de um povo esperançoso.

Um povo que tem os olhos no futuro e que deseja para os seus filhos uma nação ilustrada, sadia. 

Uma nação de paz.

Oremos por esse Brasil renovado!

www.momento.com.br

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Sem se perturbar


 Sem se perturbar

Findava a tarde. 

A jovem, apressada, dirigia-se ao ponto de ônibus para apanhar a condução que a levaria para a faculdade.

Horário apertado. 

Saíra do trabalho e quase corria. 

À distância, viu o ônibus se aproximar e apressou o passo.

Mas, no exato momento em que se dispunha adentrar o ônibus, as portas se fecharam, com estrondo.

Pelo espelho da frente do veículo, ela pôde verificar o sorriso, que lhe pareceu de deboche, do motorista, como a dizer: Neste você não entra. 

Perdeu!

Ela se irritou e em voz alta, exclamou: Que maldade! 

Ele me viu. 

Não podia ter esperado um segundo?

Um rapaz, que vinha logo atrás, sorriu e falou: Não se estresse. 

Pense que logo virá outro ônibus.

Eu sei que logo virá outro. 

Acontece que cinco minutos a mais podem fazer com que eu chegue atrasada à aula. 

E tenho prova, no primeiro horário.

Ele continuou: Não se irrite. 

Vai dar tudo certo. 

Pense que virá outro ônibus, que não estará tão cheio quanto aquele. 

Que o motorista será mais gentil.

Consequentemente, sua viagem até o destino será muito mais agradável. 

Você chegará mais tranquila para a prova.

Ela olhou para o jovem, que continuava a sorrir, e disse: É, você tem toda razão.

Não tardou e apontou outro ônibus. 

As portas se abriram e ambos entraram.

Que legal, disse ela. 

Está mesmo quase vazio. 

Poderei ir sentada e acho que chegarei em tempo. 

Obrigada.

Cada qual procurou um assento e se acomodou. 

Enquanto a condução ia vencendo a distância, num contínuo parar, embarque e desembarque de passageiros, ela se pôs a pensar.

Nossa! 

Quase me estressei por nada. 

Bendito rapaz que me alertou, e conseguiu mudar meu humor.

Agora, vou chegar tranquila, em tempo. 

E estarei calma para fazer a prova. 

Bom seria que houvesse mais gente como ele.

Gente que nos acalma, que nos contagia com sua forma tranquila de falar e de encarar os fatos.

* * *

Quantas vezes nos irritamos por bagatelas, por coisas pequenas.

Quantas vezes assinamos recibo pela grosseria do outro e acabamos estragando nossas horas seguintes.

Melhor mesmo é modificar nossa forma de pensar. 

Perdemos a condução? 

Não tem problema. 

Logo virá outra.

O temporal nos surpreendeu no meio do caminho? 

O melhor é procurar um abrigo e aguardar os ventos e a chuva amainarem.

Nada na face da Terra é para sempre. 

Tudo é impermanente.

O dia sucede a noite escura. 

As estrelas brilham nos céus quando o sol se põe no horizonte e a lua chega, mostrando a sua cara redonda.

O calor inclemente é vencido pelos ventos e pela chuva.

O frio terrível é substituído pela estação primaveril, que traz o renascer das cores e dos perfumes.

Nada é definitivo neste planeta. 

Nem a própria vida.

Impermanente. 

Hoje estamos aqui, amanhã, poderemos estar em outras bandas.

Ou talvez já ter migrado para a Espiritualidade. 

Quem pode saber?

Somente Deus!

Por isso, vivamos cada minuto em totalidade e não nos desgastemos por coisas tolas, que têm duração efêmera, que logo passam.

Pensemos nisso. 

E vivamos mais tranquilos, menos nervosos, mais felizes.

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Oração do Pai João da Caridade